quinta-feira, 14 de abril de 2022

O UNIVERSO E A CIVILIZAÇÃO

O estudo racional e sistemático do universo e do cérebro humano desvenda mistérios e afasta superstições. Há 100 bilhões de galáxias no universo, calculam os astrofísicos. Há 100 bilhões de neurônios no cérebro humano, calculam os neurocientistas. Os neurônios (células cerebrais) desempenham funções informativa, comunicativa, associativa e controladora. As ciências naturais como a Astrofísica e a Neurociência e as ciências sociais como a História e o Direito, implicam diversos fatores humanos: inteligência, sensibilidade, vontade, curiosidade, experimentação, interesse, necessidade, utilidade, moralidade, trabalho. Ciência e tecnologia integram a civilização. Cogita-se da existência de civilização extraterrestre ante as notícias sobre objetos voadores não identificados rondando o nosso planeta. 
A cultura primitiva atinge o grau de civilização (raiz latina: civis =  cidade) quando homens e mulheres (i) aspiram convivência harmoniosa estável por tempo indeterminado no âmbito de um delimitado espaço geográfico (ii) buscam paz, felicidade, segurança e desenvolvimento (iii) utilizam linguagem escrita, além da oral e gestual, para expressar e comunicar ideias, sentimentos, emoções, vontades, propósitos (iv) disciplinam as relações públicas e privadas mediante leis escritas, além das consuetudinárias (v) submetem-se ao poder político (raiz grega: polis = cidade) organizado de forma monocrática, aristocrática, democrática, ou mista. 
Cidade, no amplo sentido cultural e histórico, constitui o centro geopolítico da civilização. No estrito sentido administrativo, compreende zona central/urbana e zona periférica/rural, quer como capital (raiz latina: caput = cabeça) de império, reino, república, quer como simples localidade no território estatal. Nela pulsa a vida dos humanos: a individual e a comunitária; a doméstica e a profissional; a política, a econômica e a social; a civil, a militar e a religiosa. A fundação da cidade, caracterizada pela passagem da cultura primitiva a cultura civilizada, ensejou leis escritas, direitos civis e magistraturas. O estado moderno é a cidade lato sensu, nas suas máximas extensão e complexidade, enlace jurídico de diversas cidades stricto sensu.
Na civilização, a história da sociedade e do estado registra-se por escrito, por fotografias e gravações audiovisuais, além da tradição oral, das sobrevivências, construções, ruínas, moedas, fósseis e outros objetos. No fluir da história, os valores se diversificam: (i) posse e propriedade dos bens materiais e imateriais (ii) conservação da vida, dignidade e família (iii) soberania e cidadania (iv) justiça, liberdade, igualdade e fraternidade. As artes, os ofícios e as técnicas multiplicam-se. O conhecimento científico ao progedir abala o império da religião (astronomia, física, química, biologia, psicologia, sociologia). A transmissão do conhecimento alcança maior número de pessoas graças (i) à impressão de livros, apostilas e outros textos (ii) ao alargamento dos métodos de ensino e aprendizagem (iii) às instituições dedicadas à produção e difusão do saber (colégios, universidades, centros de pesquisas, museus). Através dos meios de comunicação social, amplia-se o acesso das pessoas à informação (jornais, revistas, rádio, televisão, rede de computadores).
Na América, África e Oceania ainda há cultura primitiva de alguns povos que não atingiram o nível de civilização. Os seus usos e costumes incluem espiritualização da natureza, crença em divindades, vigência de normas éticas, regras de parentesco, divisão do trabalho, ferramentas e esforço para manter a identidade e a sobrevivência da comunidade.
A religião integra o mundo da cultura, criação humana circunscrita ao nosso planeta. Igreja alguma é universal; tampouco, genetriz de santos. Além das guerras periódicas, há condutas humanas que se encaixam na categoria moral e jurídica do injusto (homicídio, lesão corporal, tortura, calúnia, roubo, fraude, corrupção, estupro, pedofilia). Isto revela o lado demoníaco da natureza humana. O diabo mora no cérebro humano.
Cultores da parte cristã da Bíblia [Novo Testamento] lembrando o decurso de dois mil anos do nascimento, vida e morte do profeta Jesus, questionam os conflitos, o morticínio, a manifestação de tanto ódio, cupidez, rivalidade, inveja, crueldade. Esses fatos contrariam a doutrina do profeta que prega amor, paz, compaixão, fraternidade, esperança, fé, caridade, humildade, misericórdia, perdão, santificação da pobreza, salvação da alma. 
A parte hebraica da Bíblia [Antigo Testamento] justifica o ódio, a guerra, o genocídio, a vingança, desde que as vítimas não sejam os hebreus, povo escolhido pelo deus Javé. Considera a riqueza benção divina. Entende-se, pois, a fidelidade dos judeus a essa escritura “sagrada”. Difícil entender a fidelidade a essa parte da Bíblia por quem se diz cristão, tendo em vista que Jesus, o Cristo,  separou o secular do espiritual, abençoou a pobreza e amaldiçoou a riqueza. Disse o grande mestre: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus;  não ajunteis para vós tesouros na Terra; ajuntai para vós tesouros no Céu; é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus”. [Mateus 6: 19/20 + 19: 24 + 22: 21]. Os evangélicos – que se dizem cristãos – adoram o poder secular (César) e o dinheiro (tesouro); consideram a riqueza benção divina; nutrem ódio ao invés do amor a quem não comunga o seu credo. 
Ecce homo

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