domingo, 5 de maio de 2019

FILOSOFIA & SOCIOLOGIA

Há notícia divulgada pela imprensa de que o governo federal pretende extinguir os cursos de filosofia e sociologia nas universidades. Caso a proibição não seja universal, essa área do conhecimento ficará restrita às universidades estaduais e às particulares. Há um irônico ditado italiano que diz: “Filosofia é a ciência com a qual ou sem a qual o mundo resta tal e qual”. O filósofo alemão Karl Marx concordou com esse ditado ao afirmar que a filosofia limitara-se a explicar o mundo (século XIX), porém, agora, era preciso modificá-lo. Esta função dinâmica da filosofia pretendida por Marx e posta em prática por seus seguidores apavora o brucutu que hoje governa o Brasil. Ordena raivosamente: por ameaçarem a segurança nacional, ficam proibidos os estudos filosóficos e sociológicos no Brasil.
No Colégio Estadual do Paraná, na década de 1951-1960, concluído o curso ginasial, você cursava o curso científico ou o clássico. No curso cientifico você estudava Matemática, Física, Química, Biologia, História, Geografia, Filosofia e idiomas (português, inglês, francês e espanhol). Em nível superior havia cursos de Filosofia, Ciências, Letras, Medicina, Engenharia e Direito. Posteriormente, vieram os cursos de Economia, Administração, Sociologia, Psicologia. Esses cursos, nos séculos XX e XXI, em nada mudaram a vida política nacional. Durante todo o período constitucional republicano (1891-2019) predominou a elite econômica rural e urbana. A elite intelectual seguiu a reboque. A elite moral ficou na sombra. Essa realidade cultural se manteve inclusive no curto governo da esquerda (2003-2016).
A extinção dos referidos cursos pode ser debitada à estupidez do autocrata que preside a república e dos seus auxiliares, bando de nazifascistas. Poucos são os alunos que se dedicam à filosofia e à sociologia. A maior parte dedica-se a outros cursos, tais como: educação física, nutricionismo, fisioterapia, turismo, belas artes, psicologia, odontologia, medicina, engenharia, agronomia, economia, administração, direito, ciências políticas. Os cursos universitários não impediram os brasileiros de votar no general Dutra, no fazendeiro Vargas, no médico Kubitscheck, no professor Quadros, no estancieiro Goulart (na época, o vice-presidente era eleito pelo voto direto em chapa própria, independente da chapa do candidato a presidente), no advogado/empresário Neves, no jornalista/empresário Collor, no sociólogo Cardoso, no metalúrgico Silva, na economista Rousseff e no capitão Bolsonaro. Possivelmente, alguns professores e estudantes de filosofia e sociologia votaram nessas pessoas ou nos seus adversários, ou se abstiveram. O mitológico brucutu devia submeter-se a um transplante de neurônios para acrescentar aos dois que já possui. Os doadores poderiam ser professores e estudantes de filosofia e sociologia.
Não custa lembrar, entretanto, que a presidência da república já foi ocupada por sociólogo camaleônico cuja administração desastrosa conviveu com corrupção estratosférica e enganação aos montes (1995-2002). Os cursos universitários, contudo, não podem levar a culpa pela corrupção endêmica da administração pública municipal, estadual e federal. Esses cursos disseminam a luz, desenvolvem nos alunos o espírito crítico, fazem-nos pensar sobre a vida, o homem e a sociedade, possibilitando a formação de bons e lúcidos cidadãos. Como dizem os místicos: “Deus é luz, vida e amor”. Luz como símbolo do conhecimento, entendimento e sabedoria. Oportuno lembrar: filosofia significa amizade ou amor à sabedoria, ao conhecimento (do grego: filo = amizade, amor + sofia = sabedoria, conhecimento). Platão reservava ao filósofo (amigo do saber, sábio, mestre, cientista) o comando da sua república ideal. Contudo, no plano dos fatos, a história humana fornece exemplos de povos governados por mentecaptos.     
No Brasil, os setores industrial, comercial, agropecuário, bancário, especulativo, mediático, todos localizados à direita do espectro político, prosperaram tanto nos governos de direita como nos governos de esquerda. Houve oscilações em decorrência dos acidentes econômicos na esfera internacional e de eventuais erros na política econômica interna. Ampliou-se o caminho socializante a partir da Era Vargas. Avenidas socializantes foram abertas na Era Lula. Os comunistas brasileiros desistiram da luta armada desde o fracasso das guerrilhas durante a ditadura militar. Perceberam que o poder político lhes é acessível pelas vias democráticas e que ditaduras são perniciosas e anacrônicas. O socialismo moderado tornou-se a via mais adequada para o bem-estar, a paz e a felicidade da população brasileira.
Apesar disto, o pessoal civil e militar da direita não dorme de touca. Cultiva ojeriza ao pessoal da esquerda. Quando está fora do poder, o pessoal da direita conspira diuturna e incessantemente para nele entrar, servindo-se de todos os meios legais e ilegais, sem compromisso algum com a ética e com o bem comum. Costumeiramente, associa-se ao governo e ao empresariado dos EUA nas suas empreitadas contra os interesses da nação brasileira. Vimos isto recentemente com: [I] o ilegítimo e imoral processo de impeachment da presidente Rousseff [II] o indecoroso e fraudulento processo criminal instaurado contra o presidente Silva do qual resultou a sua precipitada e inconstitucional prisão [III] a manobra para tirar Lula da disputa eleitoral [IV] a enganosa eleição de Jair Bolsonaro para presidente da república [V] a cessão de parte do território e do petróleo ao estrangeiro [VI] a postura subalterna e subserviente do presidente do Brasil ante o presidente dos EUA e o diretor da CIA. Tudo isto se tornou fato público e notório. Convém lembrar: ceder a soberania nacional, total ou parcialmente, a governo estrangeiro, tipifica crime de responsabilidade.   

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