domingo, 3 de março de 2019

BONDADE E MALDADE

Impactante a mensagem de certa mulher na rede de computadores ao se regozijar com a morte de uma criança de 7 anos de idade. Motivo da alegria: o morto era neto do ex-presidente da república a quem a autora da mensagem odeia.
Ela xingou de filho-da-puta o neto e o avô. Sabe-se, entretanto, que a bisavó, a avó e a mãe do garoto nunca rodaram bolsinha nas ruas e nem frequentaram prostíbulos. Portanto, a mãe, a esposa e a nora do ex-presidente não podem ser qualificadas de putas. Enquanto vivas, todas foram – e a mãe do garoto continua sendo – mulheres decentes, honestas e dedicadas à família.   
O garoto foi ofendido por um presumível fato que aconteceria no futuro. Segundo a ofensora, quando adulto, o garoto seria um novo filho-da-puta como o avô. Por isso é que ela considerou boa a notícia da morte do garoto.
O avô, ex-presidente da república, foi ofendido por sua vida passada e presente. Assim como milhares de brasileiros, a ofensora também não se conforma com o passado do ofendido: homem pobre, operário, líder sindical sujeito à repressão política na ditadura militar, bem sucedido como deputado constituinte e como presidente da república, sem diploma universitário, considerado o melhor chefe de estado e de governo do período republicano, estadista admirado por vários estadistas da América, da Europa, da Ásia e da África. Esse bom conceito nacional e internacional do ex-presidente despertou nos seus adversários os mais baixos instintos e sentimentos (inveja, despeito, vingança, raiva, ódio). Essas baixeza e indecência também são manifestadas por grande parcela da população brasileira situada à direita do espectro político cujo tamanho foi possível avaliar nas eleições presidenciais de 2018.
O ex-presidente também foi ofendido em razão do seu presente, posto que, enquanto viver, ele representa: (i) ameaça aos espúrios objetivos políticos e econômicos da direita nacional e internacional, principalmente estadunidense (ii) empecilho à vaidade e à presunção dos seus opositores com diploma universitário (iii) prova inconteste da odiosa discriminação, da repressão política, do baixo nível da justiça federal lato sensu (delegados + procuradores + magistrados), da parcialidade de juízes e tribunais federais, do processo judicial fraudulento, da condenação injusta, da intencional e indevida interferência no processo eleitoral. 
A bondade e a maldade integram a natureza emocional dos humanos. Tais sentimentos manifestam-se em relação: (i) aos próprios humanos (ii) aos animais irracionais (iii) às coisas. Sentimentos não brotam da razão e sim do coração. O amor e o ódio são irracionais (embora, segundo Pascal, o coração tenha razões que a razão desconhece). Nesse campo, o pensamento racional mostra-se impotente. A face demoníaca da natureza humana é capaz de amar e de odiar. Dessa natureza demoníaca fazem parte: (i) o amor às relações carnais e às coisas mundanas (ii) o ódio ao diferente e ao oponente (iii) os instintos malévolos. Da face angélica da natureza humana provém: (i) o amor incondicional desvinculado da matéria (ii) a tendência para o bem (iii) a bondade sem preço.
No triste episódio em foco, a ofensora exibiu a sua natureza diabólica, o seu ódio, os seus instintos e sentimentos malévolos, a sua motivação torpe. Certamente, haverá consequências não só para ela, mas, também, a todos que pensaram e agiram como ela. Desnecessário desejar-lhes castigo. A lei do karma disto se encarrega. Trata-se de uma lei natural voltada para os pensamentos, sentimentos, ações e omissões dos humanos semelhante à lei de causa e efeito que rege o mundo físico. Não se cuida de uma lei punitivista e sim de uma regularidade cósmica que pesa a bondade e a maldade de cada indivíduo, de cada família, de cada grupo, de cada nação. O conhecimento dessa lei integra a milenar cultura hindu e se difundiu no Ocidente. Todos recebem prêmio ou castigo, segundo o bem ou o mal que praticam. Há uma espécie de computador cósmico para o cálculo contábil. Todos recebem o merecido prêmio ou castigo. Assim funciona a justiça cósmica, sem os subterfúgios da justiça humana.   



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