sábado, 2 de fevereiro de 2013

POESIA



A brigada dos velhos repete sem se cansar. / A cantilena é sempre igual: / Camarada, para as barricadas! / E eu digo: barricadas da alma e do coração. / E eu digo: somente é comunista verdadeiro / quem destrói as pontes da retirada. / Basta de marchas futuristas / ou de saltos no futuro. / Construir um trem é pouco. / Se a canção rebelde não levanta os povos / de que serve a mudança de marcha? / Ajuntai os sons uns aos outros / e prossegui cantando e assoviando. / Há, entretanto, lindas letras / U R S S / É pouco para fabricar um par de botinas / ou coser os galões às calças. / Os deputados não movimentarão os exércitos / se os músicos não abrirem a marcha. / Basta de verdades baratas. / Arrancai o ranço do coração! / As ruas são nossos pincéis / e paletas as nossas praças. / No livro do tempo / ainda não foram cantadas / as mil páginas da revolução. / Para a rua, futuristas, tambores e poetas!

(“Ordem do dia aos exércitos da arte”. Vladimir Vladrovitch Maiakowsk. Trad. Sérgio Milliet).


Toma-me agora que ainda é cedo / e levo dálias novas pela mão / Toma-me agora que ainda está sombria / a minha cabeleira ondulante e vadia / agora que ainda tenho uma carne olorosa / os olhos de cristal e a pele de uma rosa. / Agora que me calça o meu pé de roseira / a sandália vivaz da primavera. / Agora que em meu lábio o riso soa / como um sino que bate e cuja nota voa. / Depois... Ah! Eu sei / que nada mais do que hoje tenho, então terei! / Hoje, mais tarde não. Vem, antes que anoiteça / e que murche com o tempo esta corola fresca. / Hoje, e não amanhã. Amor: não percebeste / que a parasita azul acabará cipreste?

(“A Hora”. Juana de Ibarbourou. Trad. Oswaldo Orico).

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