sábado, 26 de janeiro de 2013

POESIA



Tu também morrerás, cinza adorada. / Essa beleza é certo que pereça / essa mão, essa esplêndida cabeça / esse corpo de argila iluminada.
Sob o gume da morte ou sob a geada / serás mais uma folha que estremeça / e co´as outras te vás – verde e travessa / depois de morta, sem cor, desintegrada.
De nada o meu amor terá valido / apesar deste amor, tu chegarás / ao fim do dia e tombarás vencido / obscuro como a flor que cai, por mais / que tenhas sido belo e tenhas sido / mais amado que todos os mortais.

(“Soneto XIX”. Edina St. Vincent Millay. Trad. Ana Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça).

Pedras, o que me espanta / não é que tenhais resistido / por tanto tempo a tanto vento e a neve tanta / pois não vos tinham construído / para arrostar nesta colina / o inverno e o vento desabrido?
Meu espanto é que suportais / sem voz gastardes, nossos olhos / nossos olhos mortais.

(“Chartres”. Archibald Macleish. Trad. Manuel Bandeira).

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