DINHEIRO E FUTEBOL.
Sócrates, médico, excelente jogador da seleção brasileira de 1982, marcou presença na festa de abertura da copa do mundo de futebol de 2010. Comentou o caráter mercadológico do evento. De fato, as copas servem de vitrine para promoção de produtos e pessoas (técnicos, jogadores, dirigentes, comunicadores). O amor à camisa empalideceu, mais em nível de clube e menos em nível de seleção. Diante da evidência dos fatos no mundo do futebol, inegável que o amor ao dinheiro superou o amor ao clube. A atitude dos torcedores de atirar moedas no campo de futebol ou de acenar com cédulas quando os jogadores mostram falta de empenho durante o jogo indica a noção que o povo tem do aspecto mercantil do esporte.
Inventado e praticado pelos ingleses, o futebol foi trazido da Inglaterra para o Brasil por um brasileiro cujo pai era inglês. Inicialmente, era esporte de uma elite branca. No Paraná, havia elencos só de brancos (por isso mesmo, o Coritiba FC era apelidado de “coxa-branca”). Negros buscaram meios de clarear a pele para jogar em algum clube. No Fluminense, clube do Rio de Janeiro, os jogadores de pele escura usavam pó de arroz. Com o passar do tempo, a perícia individual superou o preconceito. Nos clubes, a necessidade de vitórias e títulos nivelou as epidermes. A partir dos anos 70, visando a obter um rico patrimônio, os brancos da classe média brasileira voltam a se interessar pela prática do esporte como profissionais.
Praticado na várzea pelos pobres (brancos, negros, mulatos), o futebol exigia apenas uma bola e dois paus fincados em lados opostos de um campo a guisa de traves do gol. O travessão era uma linha imaginária entre os dois paus acima da cabeça do goleiro. As discussões eram inevitáveis quando bola alta entrava no gol. Cara ou coroa: um time tirava a camisa e outro não; sem camisas versus com camisas. Em nível popular e âmbito nacional, o brasileiro tinha sua música, dança e festa: samba, chorinho, maxixe, carnaval. Faltava um esporte. O futebol preencheu essa lacuna. Massificou-se. Clubes foram criados, estádios construídos, torneios organizados com o comparecimento do público e ingressos cobrados. Jogadores da várzea ingressaram nos clubes. O esporte profissionalizou-se: jogadores contratados e remunerados. Os clubes criaram a categoria juvenil com o propósito de preparar os jovens para jogar no time principal. As mulheres aderiram ao esporte. Neste século XXI, a brasileira Marta consagrou-se como a melhor jogadora de futebol feminino do mundo.
Empresas industriais, comerciais, prestadoras de serviços, incluíram o futebol nos seus interesses. Marcas de produtos, nomes de empresas, logotipos, são exibidos nos estádios, nos bonés e nos uniformes dos jogadores e da comissão técnica. Para exibir marcas e modelos, jogadores penduram chuteiras no pescoço e beijam bolas. Clubes disputam a compra de jogadores. Os preços sobem a alturas estratosféricas. Desse mercado mundial participam jogadores, técnicos, entidades desportivas, veículos de comunicação social, empresas públicas e privadas. Os jogadores ambicionam ingressar nos clubes ricos da Europa, ganhar altos salários, rendas da propaganda e do patrocínio, além das mordomias. Não há lugar para amor à camisa. A fidelidade saiu de moda. Diante do encolhimento da várzea no Brasil, da valorização dos jogadores e do crescimento do mercado, os clubes criaram também a categoria infantil. Proliferam escolas de futebol particulares fundadas e dirigidas por ex-jogadores. Instrutor de uma dessas escolas afirma na TV: os jovens querem se dedicar ao futebol pelo dinheiro.
Sócrates, médico, excelente jogador da seleção brasileira de 1982, marcou presença na festa de abertura da copa do mundo de futebol de 2010. Comentou o caráter mercadológico do evento. De fato, as copas servem de vitrine para promoção de produtos e pessoas (técnicos, jogadores, dirigentes, comunicadores). O amor à camisa empalideceu, mais em nível de clube e menos em nível de seleção. Diante da evidência dos fatos no mundo do futebol, inegável que o amor ao dinheiro superou o amor ao clube. A atitude dos torcedores de atirar moedas no campo de futebol ou de acenar com cédulas quando os jogadores mostram falta de empenho durante o jogo indica a noção que o povo tem do aspecto mercantil do esporte.
Inventado e praticado pelos ingleses, o futebol foi trazido da Inglaterra para o Brasil por um brasileiro cujo pai era inglês. Inicialmente, era esporte de uma elite branca. No Paraná, havia elencos só de brancos (por isso mesmo, o Coritiba FC era apelidado de “coxa-branca”). Negros buscaram meios de clarear a pele para jogar em algum clube. No Fluminense, clube do Rio de Janeiro, os jogadores de pele escura usavam pó de arroz. Com o passar do tempo, a perícia individual superou o preconceito. Nos clubes, a necessidade de vitórias e títulos nivelou as epidermes. A partir dos anos 70, visando a obter um rico patrimônio, os brancos da classe média brasileira voltam a se interessar pela prática do esporte como profissionais.
Praticado na várzea pelos pobres (brancos, negros, mulatos), o futebol exigia apenas uma bola e dois paus fincados em lados opostos de um campo a guisa de traves do gol. O travessão era uma linha imaginária entre os dois paus acima da cabeça do goleiro. As discussões eram inevitáveis quando bola alta entrava no gol. Cara ou coroa: um time tirava a camisa e outro não; sem camisas versus com camisas. Em nível popular e âmbito nacional, o brasileiro tinha sua música, dança e festa: samba, chorinho, maxixe, carnaval. Faltava um esporte. O futebol preencheu essa lacuna. Massificou-se. Clubes foram criados, estádios construídos, torneios organizados com o comparecimento do público e ingressos cobrados. Jogadores da várzea ingressaram nos clubes. O esporte profissionalizou-se: jogadores contratados e remunerados. Os clubes criaram a categoria juvenil com o propósito de preparar os jovens para jogar no time principal. As mulheres aderiram ao esporte. Neste século XXI, a brasileira Marta consagrou-se como a melhor jogadora de futebol feminino do mundo.
Empresas industriais, comerciais, prestadoras de serviços, incluíram o futebol nos seus interesses. Marcas de produtos, nomes de empresas, logotipos, são exibidos nos estádios, nos bonés e nos uniformes dos jogadores e da comissão técnica. Para exibir marcas e modelos, jogadores penduram chuteiras no pescoço e beijam bolas. Clubes disputam a compra de jogadores. Os preços sobem a alturas estratosféricas. Desse mercado mundial participam jogadores, técnicos, entidades desportivas, veículos de comunicação social, empresas públicas e privadas. Os jogadores ambicionam ingressar nos clubes ricos da Europa, ganhar altos salários, rendas da propaganda e do patrocínio, além das mordomias. Não há lugar para amor à camisa. A fidelidade saiu de moda. Diante do encolhimento da várzea no Brasil, da valorização dos jogadores e do crescimento do mercado, os clubes criaram também a categoria infantil. Proliferam escolas de futebol particulares fundadas e dirigidas por ex-jogadores. Instrutor de uma dessas escolas afirma na TV: os jovens querem se dedicar ao futebol pelo dinheiro.
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