sábado, 8 de junho de 2024

DEUS E O JUÍZO FINAL

Fim do mundo e extinção da raça humana são temas expostos em textos profanos e em escrituras religiosas. A literatura científica, por exemplo, menciona a colisão de asteróide com a Terra cuja consequência foi a extinção dos dinossauros e de outras espécies animais. Pesquisas arqueológicas revelam a existência de cidades submersas, ruínas de culturas antigas provocadas por dilúvios, maremotos, terremotos e também por atividades sísmicas paulatinas. Platão, filósofo grego, mencionou a submersão da Atlântida. A literatura religiosa de diferentes povos menciona dilúvios ceifadores de vidas e destruidores de culturas. O Antigo Testamento, parte hebraica da Bíblia, relata, com os habituais exageros, um dilúvio ordenado por Javé (Jeová), deus genocida, cruel, satânico do povo hebreu (judeus + israelitas) que inundou cidades pecadoras. Desse dilúvio salvaram-se apenas a família de Noé e um casal de cada espécie animal. Na  Arca de Noé havia espaço para abrigar toda a fauna da Terra.   
Os dilúvios são fenômenos atmosféricos locais que não cobrem totalmente a superfície do planeta. Servem de exemplo os dilúvios ocorridos em Port Royal (Jamaica, 1692), Villa Epecuén (Argentina, 1980) e Porto Alegre (Brasil, 2024), sem a exagerada extensão do dilúvio citado na Bíblia. 
O Novo Testamento, parte cristã da Bíblia, menciona a intenção do Pai Celestial, deus amoroso e misericordioso do povo cristão, de acabar com a raça humana e com o mundo. Fazei penitência pois o reino dos céus está próximo. Este conselho ameaçador dado por Jesus pressupõe culpa inerente à conduta humana e o dever de arrependimento. Os humanos devem penar para se limparem dos pecados e ingressarem no reino dos céus. Indica, ainda, que o reino não se localiza no mundo natural (abaixo) e sim no mundo espiritual (acima) e que virá em dia incerto. Daquela época até os dias de hoje decorreram dois mil anos a mostrar que o dia “próximo” está muito longe. Graças ao seu carisma, Jesus iludiu os seus discípulos.  
De acordo com a profecia do evangelho, no fim do mundo haverá ressurreição dos mortos e todos serão julgados por Deus. Os anjos separarão o joio do trigo. Os bons gozarão da felicidade eterna; os maus sofrerão o castigo eterno. Os absolvidos permanecerão sob a graça de Deus; os condenados padecerão no inferno. Naquele dia do juízo, cidades que recusaram a se arrepender serão castigadas. Junto com o reino dos céus chegará Jesus para presidir o julgamento em nome de Deus. Segundo a escritura, esse profeta, quando vivia na Terra, foi morto, ressuscitou e se reuniu com os seus discípulos por três vezes. Depois, ainda em presença deles, subiu aos céus de corpo e alma. De lá, retornará para o juízo final sobre a bondade e a maldade dos atos humanos. Nesse retorno, o sol se escurecerá, a lua não dará o seu resplendor, cairão os astros do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. Na terra, a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda terra. 
Há incerteza sobre o dia e a hora do fim (i) do universo com seus bilhões de galáxias (ii) da galáxia onde se localiza o nosso sistema solar (iii) do sistema solar onde se localiza o nosso planeta (iv) do nosso planeta onde se localizam os seres vivos. 
Há certeza de que ao se esgotar o combustível do Sol cessará a vida na Terra. Antes disto, os seres vivos deste planeta poderão ser extintos total ou parcialmente: (i) por detonação de artefatos nucleares nos conflitos entre nações (ii) por colisão com algum asteróide gigante (iii) por uma peste global.  
Após a segunda guerra mundial (1939-1945) cogitou-se na literatura civil, tanto a vulgar como a científica, inspirada nos chocantes episódios de Hiroshima e Nagazaki, do possível extermínio da raça humana caso houvesse nova guerra mundial na qual fossem utilizadas bombas atômicas. Neste século XXI (2001-2100) ergueu-se o palco dessa guerra na América do Norte, na Europa e no Oriente Médio. Aos cientistas e aos políticos cabe a tarefa de estudar os prováveis efeitos sobre povos situados em regiões excluídas do iminente cataclismo (América do Sul, África, Oceania). Por se denominar “mundial” não significa que a guerra será de todos contra todos. O extermínio da raça humana poderá ser parcial. A prevenção deve ser levada a sério. Urge tomar medidas preventivas antes da hecatombe.  
Juízo Final foi invenção dos autores dos livros da Bíblia. Na realidade não haverá julgamento algum. Mecanismo cármico traça o destino de cada ser humano e de cada nação. Dos bons e maus pensamentos, dos bons e maus sentimentos, das boas e más ações, resultam momentos felizes e momentos infelizes, individual e coletivamente. Ao morrer, o ser humano já está com o seu destino desenhado independente de qualquer julgamento. A justiça cármica é reta, dura e infalível. Trata-se de justiça divina da qual ninguém escapa. A sua contabilidade do bem e do mal é exata. Se o saldo for favorável, a personalidade alma do morto será feliz no mundo espiritual; se o saldo for negativo, a personalidade alma será infeliz.
Juízo é operação da inteligência humana e não da inteligência divina. Além de onipotente e onipresente, Deus é onisciente. Portanto, Deus tem conhecimento pleno, direto e imediato do que ocorre nas dimensões física e espiritual do mundo. A operação judicial da inteligência humana pode ser: (i) afirmativa, como a seguinte proposição: o ser humano é um animal racional (ii) negativa, como a seguinte proposição: o Brasil não é um país sério
Deus, sendo inteligência, alma e consciência cósmicas, prescinde desse tipo de operação intelectual. Diferente dos humanos, Deus nada precisa provar ou demonstrar e dispensa, pois, as operações intelectuais de julgar e de raciocinar. Em Deus há concomitância de essência e existência.
 
Bíblia. Antigo Testamento. Gênesis 6: 5/22 + 7: 12. Salmo 95: 13. Isaías 13: 6/26. Malaquias 3: 19/23). Novo Testamento. Mateus 4:17 + 11: 20, 24 + 13: 36/50 + 16: 27 + 24: 29/39 + 25: 31/46. Marcos 13: 24/25. Lucas 21: 25/26. João. Apocalipse 20: 11/12. Atos dos Apóstolos 10: 42 + 17: 30/32 + 24: 25. Epístola II de Pedro 2: 9.  
 

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