quinta-feira, 23 de novembro de 2023

FUTEBOL

As seleções masculinas de futebol da Argentina e do Brasil enfrentaram-se no dia 21/11/2023, no Maracanã, em partida oficial dos jogos eliminatórios para a copa mundial de 2026. Os platinos venceram pelo escore mínimo (1 x 0). Resultado lógico, posto que o desempenho da seleção brasileira vinha decaindo à medida que se confrontava com adversários cada vez mais fortes. O fato de ocupar a primeira colocação na tabela trouxe tranquilidade à seleção argentina. Trata-se da mesma equipe que conquistou a última copa do mundo, todavia, sem o mesmo fôlego conforme constatado durante o jogo. Ao comemorarem a vitória como se houvessem ganho a copa do mundo pela quarta vez, os jogadores argentinos revelaram, implicitamente, o receio que eles tinham de sair do Maracanã derrotados. Depois de perderem para a seleção uruguaia, vencer a seleção brasileira seria um modo de reafirmarem a supremacia platina. Eles serviram-se da catimba e do jogo bruto para irritar e provocar efeitos psicológicos no adversário. Dessa tática resultou a expulsão de um jogador brasileiro no segundo tempo da partida. Ao agredir fisicamente o argentino (De Paul), Joelinton refletiu a tensão sob a qual jogava a equipe brasileira. 
A briga entre as torcidas no estádio ocorrida antes do início do jogo, com a violenta intervenção do aparelho de segurança público e privado, influiu no comportamento dos jogadores em campo. A demora de quase 30 minutos para o início da partida mexeu com os nervos dos brasileiros e favoreceu o cálculo dos argentinos. Talvez, aquela briga que gerou o atraso tenha sido planejada como parte da guerra psicológica. Convém lembrar que o cone sul da América é sementeira do nazifascismo  (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai). Agora mesmo, a maioria do eleitorado argentino escolheu um homem da extrema direita para governar o país. Quem vota em nazifascista apoia o nazifascismo, cujo modus vivendi é racista, preconceituoso, inescrupuloso e violento. Os jogadores argentinos e os jornalistas esportivos fazem parte desse eleitorado. No Brasil, também, o processo eleitoral revelou o nazifascismo de enorme parcela da população, principalmente da Região Sul. Os jogadores brasileiros e os jornalistas esportivos fazem parte desse eleitorado. 
A violência, o cálculo, a ação coletiva, a ausência de escrúpulos, as informações enganosas, o racismo, o preconceito, integram o método nazifascista. Vai longe o tempo da ingenuidade. Na Idade Contemporânea, pelo menos no Brasil, tudo é válido para realizar determinados objetivos sem fronteiras fixas entre política, religião, economia, moral e organização esportiva. Há intersecções nessas áreas. O direito é acessório utilizado e interpretado segundo as conveniências.
Como espetáculo esportivo, o jogo foi desagradável. O público merecia algo melhor. Nível técnico razoável, sem destaque individual. O único gol da partida saiu do cabeceio da bola alçada na área após cobrança de escanteio. O treinador brasileiro foi infeliz: (i) nas substituições, menos pelas peças e mais pelo momento (ii) nas convocações. Treinador do Flu ignora craque do Fla. Individualmente, os jogadores convocados estão no patamar médio. Desde 1930 até 2023, ninguém igualou ou superou a arte de Garrincha e Ronaldinho Gaúcho. Apesar da pouca documentação (falta de filmes, principalmente) há notícia de que houve um precursor desses dois notáveis jogadores. Chamava-se Petronilho de Brito, visto como fabuloso goleador e driblador, jogou em vários clubes e nas seleções paulista e brasileira. Quando defendia a camisa do San Lorenzo, clube argentino (1933-1935), ele teve reconhecido o seu talento artístico e técnico pela imprensa platina: “El Maestro”, “El Bailarín”, “El Artista de la Pelota”, “El Malabarista”, “Fenômeno”. 
No primeiro e mais alto patamar da arte de jogar futebol situa-se este maravilhoso trio: Petronilho + Garrincha + Ronaldinho Gaúcho. No segundo patamar, com desempenhos igualmente extraordinários, situam-se os brasileiros Friedenreich, Leônidas, Zizinho, Didi e Pelé. No terceiro patamar situam-se os brasileiros Rivelino, Zico, Romário e Ronaldo Nazário + os argentinos Di Stéfano, Maradona, Riquelme e Messi + os portugueses Eusébio e Cristiano Ronaldo + os franceses Platini e Zidane + os húngaros Puskas e Kócsis + os alemães Beckenbauer e Gerd Muller. No quarto patamar, situam-se excelentes jogadores da América do Sul e da Europa. No quinto patamar situam-se jogadores de desempenhos ordinários.
No Brasil, a maioria da população sofre do complexo de vira-lata. Daí, serem mais valorizados o produto estrangeiro, a cultura estrangeira, a história estrangeira. Qualquer jogador estrangeiro, bom ou medíocre, é visto e tratado como gênio, enquanto excelentes e geniais jogadores brasileiros são ignorados. A parcialidade é comum nas análises dos jornalistas. Adoçam os comentários relativos aos clubes, treinadores e jogadores que lhes são simpáticos e apimentam os comentários sobre os demais. Tal postura foi criticada por Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, em recente entrevista coletiva transmitida pela TV. Ele disse que técnicos estrangeiros (certamente, seus patrícios) tinham opinião igual a dele. Na América do Sul, a emotividade sufoca a racionalidade no que concerne ao futebol. Quando há disputas e/ou rivalidades, o espaço para a neutralidade e a parcimônia jamais é ocupado pelos treinadores, jogadores, repórteres, narradores, comentaristas e pelo público em geral.  

Nenhum comentário: