quarta-feira, 9 de novembro de 2022

LUTO REBELDE

Eleições periódicas integram o lento processo de aprendizado político e permitem que o povo se conheça melhor a cada novo ciclo. Composto das camadas sociais de pobres, remediados e ricos, o povo brasileiro toma conhecimento (i) do igual valor do voto de cada cidadão (ii) da pouca atenção dos eleitores aos programas e às biografias dos candidatos (iii) da divisão ideológica no seio do corpo eleitoral (iv) da influência sobre o eleitor exercida (a) pelos partidos políticos (b) por grupos civis, militares e religiosos (c) pelos patrões (d) pelo uso político das empresas de comunicação social e das plataformas digitais.     
O fato de a porção nazifascista da nação brasileira estar se sentindo enlutada não significa que a porção democrata, por causa disto, esteja obrigada a suportar danos. O sentimento de dor pela perda de alguém da nossa mais alta estima, ou, pela perda de algo que muito valorizamos, dura algum tempo e deve ser suportado dentro dos princípios éticos, jurídicos e religiosos vigentes na sociedade. A perda parece injusta a quem a sofre, no entanto, parece justa a terceiros, à pátria, a Jesus, a Deus. 
Os nossos irmãos nazifascistas se mantêm na dimensão econômica do poder na sociedade, porém, não se conformam de ser afastados da dimensão política do poder no estado. Embora grave, foi menos violenta a precedente afronta à legitimidade do governo Rousseff gerada pelo inconformismo de Fernando Henrique e Aécio Neves diante da derrota (2014-2016). Os tucanos violaram o sistema democrático entrando pelo fétido esgoto do lawfare. Hoje, mais violentos, os vencidos também se comportam como maus perdedores: acampam diante de quarteis pedindo intervenção federal, fazem bloqueios de ruas e estradas, atacam brasileiros que votaram no presidente eleito, ou, que a ele demonstram simpatia nas escolas, nas igrejas, nas ruas, em qualquer lugar. Os rebeldes usam armas, drones, gestos, agressões físicas e ofensas morais. Esse comportamento é típico dos nazistas alemães e dos fascistas italianos da primeira metade do século XX. Essa facção atua na sociedade e no estado, dentro e fora do atual governo. 
O nazifascismo é antidemocrático por natureza, está presente em todo o território nacional e se compõe de milhões de brasileiros, a maior parte concentrada nos estados sulinos por onde entrou e vicejou na primeira metade do século XX. Os 100 milhões de eleitores favoráveis à democracia devem se organizar, defende-la e impedir o avanço do nazifascismo. Os ataques dos nazifascistas devem ser revidados pela força e pelo direito. Os democratas não devem se acovardar, nem tratar com flores quem os trata a porretadas; devem agir com coragem e determinação tal como agiu a torcida do Corinthians. Nas trepidantes relações humanas não se oferece a outra face às bestas. As partes da polícia, do ministério público e da magistratura ainda não intoxicadas pelo nazifascismo, devem apurar com firmeza a responsabilidade criminal desses indivíduos. Rigor e celeridade no devido processo legal são necessários e urgentes.
O luto desses bandidos não merece respeito algum. A dor que sentem pela perda do poder político e pela derrota do seu líder não autoriza a violência contra pessoas e o vandalismo. Esse tipo de reação ao legítimo processo eleitoral é insensato, ilegal e injustificável. De 2018 a 2022 entraram para a vida política ativa 9.151.667 neófitos. O corpo eleitoral subiu de 147 para 156 milhões de eleitores. Esses novos eleitores trazem para a disputa eleitoral a sua adolescência, a sua imaturidade, a sua limitada experiência e o seu limitado saber. Os seus votos valem tanto quanto os votos dos adultos e dos idosos. Nas diferentes faixas etárias de pessoas de ambos os sexos tanto há convergência como há divergência de ideias, sentimentos, vontades e interesses.
O eleitor padrão guia-se mais por suas emoções e seus sentimentos. A inteligência serve de instrumento lógico para justificar as decisões ditadas pelo coração. Esta é a característica psicológica principal do fascismo. O fascista é romântico, ou seja, nele prevalece o sentimento e não a razão. Ele se inclina mais facilmente ao fanatismo. O eleitor padrão vota no candidato filiado ao partido da sua simpatia, pouco importando se o tal candidato é culto ou não, honesto ou não, capacitado ou não. Daí, esse eleitor votar para governador num Ademar paulista, num Pezão fluminense e, para presidente, num Jair qualquer. Geralmente, o indivíduo busca ajustar-se à opinião do grupo no qual vive, sem o hábito de analisar racionalmente o que lhe é oferecido.
O eleitor padrão é manipulável no âmbito da sua visão de mundo. O eleitor condicionado, seja pela ideologia, pela religião ou pelo interesse egoístico, tem o seu lado definido no qual faz as suas escolhas. Fora do padrão, o eleitor tende a se abster, a anular o voto ou a votar em branco. Cabe às elites a tarefa de aperfeiçoar o sistema político. O processo de mudança pode ser lento. O sistema implantado pela Constituição de 1988, por exemplo, até hoje não foi inteiramente assimilado. 

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