domingo, 23 de janeiro de 2022

ESQUERDA...VOLVER!!!

No programa Papo Reto da TV 247 (YouTube, 17/01/2022), André Constantine (Capital/RJ), Vera Lúcia Magalhães (Niterói/RJ) e Gabriela Lima (Resende/RJ), filiados ao Partido dos Trabalhadores, abordaram o tema “Militância na Rua por Lula Presidente”. Manifestaram a intenção de acantonar o partido na esquerda e mantê-lo distante do centro e da direita do espectro político nacional. Discordaram da presença de Geraldo Alckmin na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva. Afirmaram a importância (i) do trabalho dos militantes nas ruas e praças durante e depois da campanha eleitoral (ii) de revigorar a “base raiz”. Reclamaram da insuficiência do apoio material do partido aos diretórios localizados no interior do país. Reivindicaram a participação direta da base nas decisões da cúpula. Recomendaram linguagem simples e clara na comunicação do partido com os seus filiados e com a massa popular.  
O assunto evoca a teoria dos jogos. As equipes organizam a defesa, o ataque e combinam táticas. Em campo, há o jogador referência, laço da união. Equipe e jogador têm o mesmo propósito: vencer. O resultado passa a integrar a história do clube. Depois do jogo, de modo forte ou fraco, permanente ou passageiro, cada jogador toma consciência da experiência vivida, interpreta-a singularmente, volta para casa com seus próprios pensamentos, sentimentos, crenças e projetos. Além da competição esportiva, o atleta busca vencer também o jogo da vida nas áreas doméstica, social e econômica. 
O jogo eleitoral segue esse padrão. Quando presidente, Luiz Inácio, à semelhança do futebol, mostrou: (i) que joga bem na meia-esquerda, na meia-direita e de centroavante (ii) que sabe orientar a defesa e liderar a equipe. Ante a calamitosa administração do atual governo, Luiz Inácio, se eleito, precisará reprisar a performance, retomar o desenvolvimento econômico e social, atender aos trabalhadores e à livre iniciativa, reduzir o desemprego, tirar milhões de brasileiros do estado famélico, recuperar o meio ambiente, combater a pandemia, incrementar a vacinação de crianças e adultos, restabelecer o alto nível da posição do Brasil no cenário internacional, resgatar a autoestima do povo brasileiro.  
O estatuto do Partido dos Trabalhadores permite a coexistência intestina de tendências, ou seja, de grupos com denominações e opiniões próprias no seio do partido. Tal fragmentação gera rivalidades, conflitos internos e o paradoxo: pretender união externa (federação) sem ter união interna. A mencionada “base raiz” dos primórdios do partido, se ainda existir, será por conta do saudosismo; tratar-se-á de anacronismo. A tendência integrada pela presidente do partido, grupo majoritário, parece moderada. Então, firme na base tronco, o partido aliar-se-á não só aos partidos da esquerda, mas, também, aos partidos situados na confluência das democracias liberal e social, zona cinzenta do espectro, todos impregnados do senso de oportunidade. 
Radicalismo dificulta ou impossibilita conciliação, aliança, harmonia, paz, amor, diálogo, concessões mútuas. Com ou sem radicalismos, a disputa eleitoral acontece no terreno da probabilidade, areia movediça da incerteza. A chance de vitória do candidato do partido da esquerda será maior se jogadores do centro do espectro entrarem para o time. Purismo ideológico neste século XXI, ausente até da práxis chinesa, russa e cubana, colide com o pragmatismo das relações políticas contemporâneas onde ares de pureza cheiram hipocrisia e tirania. Entretanto, caso a fonte da pureza seja a santa ingenuidade, o perfume será de incenso. Linguagem jurássica e rebuscada dos intelectuais, mais obscurece do que clarifica. Foco na estática interfere na dinâmica. Cristalização e acomodação burocráticas impedem ou retardam a atualização e a criatividade do pensamento e da ação política partidária. A base do partido deve participar efetiva e diretamente das mais importantes decisões da cúpula. Alcança-se tal desiderato não só por assembleias gerais como, também, mediante plebiscitos internos, desde que os resultados sejam respeitados e seguidos fielmente. Voto para eleger diretoria não basta, apesar da sua importância no sistema democrático. Autoritarismo da cúpula deve ceder diante da vontade geral da base.  
Como arte de governar o estado, a política tem caráter prático por excelência. Princípios morais e jurídicos orientam a ação do governo lato sensu (= legislativo + executivo + judiciário). A campanha eleitoral, fase do processo político, deve ser pautada pela honestidade, dignidade, civilidade, transparência. Quanto mais elevado o grau de civilização de um povo, maior a chance da virtuosidade e da elegância na competição. Jornais impressos, radiodifusão, televisão, rede de computadores, complementam o essencial trabalho pedestre dos militantes. As pesquisas sobre disputas eleitorais não conduzem a certeza alguma. Somente o conteúdo das urnas eletrônicas traz certeza. O panorama da disputa pode mudar em decorrência de atos e fatos do mundo natural e/ou do mundo social, tais como: (i) desistência, doença, morte (ii) indecisão de parcela do eleitorado (iii) volume das abstenções (iv) falsificação da realidade por via eletrônica (v) instauração de processos judiciais fraudulentos. 


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