domingo, 6 de janeiro de 2019

JUDAÍSMO E POLÍTICA

A expansão e influência internacional dos judeus no século XXI coincidiu com a maior presença efetiva da extrema direita na Europa e na América. Isto se evidenciou de forma dramática no Brasil no ano que ora findou (2018).
O interesse de exibir o povo hebreu da tribo de Abraão como especial e superior aos demais povos da Terra, levaram o escritor bíblico a inventar a estória da criança colocada pela mãe israelita em um cesto lançado ao rio, encontrado por uma princesa egípcia que criou o menino e dele fez um príncipe. Como romance, a estória é ótima. Como história, o enredo é ficção. Esse padrão ficcional é comum aos escritores bíblicos, tanto do Antigo Testamento (judeus) como do Novo Testamento (cristãos). Todos eles apostaram na ignorância e na credulidade do povo. Eles abjuraram a racionalidade, demonizaram a inteligência, santificaram a fé e a ingenuidade.
No seio da Bíblia há evidente competição literária entre os escritores judeus e os escritores cristãos. O escritor bíblico judeu criou um deus terrível: Javé (Jeová). O escritor bíblico cristão criou um deus misericordioso: Pai Celestial. O escritor judeu criou dois heróis espiritualmente poderosos: Moisés e Elias. O escritor cristão criou dois heróis espiritualmente poderosos: João Batista e Jesus. O judeu alça Elias como o maior e divino profeta. O cristão alça Jesus a um patamar mais alto. O judeu relata os milagres operados por Moisés diante do faraó, todos gerando desgraças. O cristão relata os milagres operados por Jesus diante do povo, todos gerando coisas boas, tais como: cura de doentes, aleijados, cegos, ressurreição de mortos. O judeu conta que Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito sob disciplina férrea e vigor no culto ao deus semita Javé. O cristão conta que Jesus, sem arredar o povo do território palestino, mostrou o caminho que conduz ao deus universal (Pai Celestial). O judeu diz que Moisés separou as águas para primeiro dar passagem aos migrantes e depois afogar os egípcios. O cristão diz que Jesus manteve as águas unidas para delas tirar tonelada de peixes a fim de contentar os pescadores e o povo. O judeu diz que Moisés fez chover pão (maná) para alimentar seiscentos mil hebreus famintos. O cristão diz que Jesus multiplicou 5 pães sem ser padeiro e sem padaria e alimentou os apóstolos e a multidão de seguidores famintos (cinco mil na primeira multiplicação e quatro mil na segunda; em ambas, sobraram cestos de pães). O judeu atribui a Moisés o mandamento: “amarás o teu próximo e poderás odiar o teu inimigo”. O cristão atribui a Jesus o mandamento: “amai vossos inimigos e fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem”. O judeu santifica o sábado e estabelece rígidas regras de conduta. O cristão faz do sábado dia comum e flexibiliza as regras. 
Do tronco semita fincado na Mesopotâmia brotaram alguns ramos, entre os quais, o hebreu. Cerca de mil a dois mil anos antes de Cristo, tribos do ramo hebreu migraram para o Egito (norte da África), Síria e Canaã (extremo ocidental da Ásia morena). Uma dessas tribos foi tratada de modo central e preferencial pelo escritor bíblico judeu: a da linhagem do patriarca Abraão sediada em Canaã. O escritor destacou os dois primeiros filhos de Abraão: Ismael e Isaac. O primeiro, ainda na adolescência, foi expulso da tribo juntamente com a mãe egípcia. Ciumenta, Sara, esposa de Abraão, envenenou a mente do marido contra a rival egípcia. Na idade adulta, em outras paragens, Ismael constituiu família gerando o povo árabe. O segundo filho permaneceu na companhia paterna. Os filhos havidos com as concubinas foram mandados para longe da tribo.
Daí em diante, o escritor bíblico judeu trata apenas da linhagem de Isaac, herdeiro da autoridade e do patrimônio do pai (Abraão). Diz que Isaac gerou filhos gêmeos: Esaú e Jacó. Adulto e peludo, Esaú afastou-se do território paterno, gerou filhos e enriqueceu. Jacó permaneceu, herdou a autoridade e o patrimônio do pai e mudou o seu nome de Jacó para Israel. Cada filho de Jacó (Israel) constituiu uma tribo conhecidas como as 12 tribos de Israel (Jacó). Os membros das tribos eram conhecidos como israelitas (“família de Israel”) o que evitava confusão com outras ramificações hebreias. Depois do reinado de Salomão ocorreu o cisma (930 a.C.): 2 tribos constituíram o Reino de Judá no sul da Palestina (judeus); 10 tribos constituíram o Reino de Israel no centro e norte da Palestina (israelitas). Bem antes disto, cerca de 1680 a.C., dificuldades com a produção agrícola e pecuária levaram Israel (Jacó) a se mudar de Canaã (Palestina) para o Egito com toda a sua família, agregados, servos e todos os seus bens. Lá ficaram por 430 anos [tempo maior do que o gasto na formação das nações americanas] até que por volta de 1250 a.C., seiscentos mil israelitas, “fora mulheres e crianças” [o escritor bíblico judeu era machista] de lá saíram em busca da terra prometida guiados por um príncipe egípcio chamado Moisés (“salvo das águas”).
Sem chance de se tornar faraó no seu país, Moisés incumbiu-se da missão de guiar os israelitas (hebreus) para fora do Egito. A fim de justificar a autoridade do príncipe, o escritor bíblico judeu inventou a fascinante estória do “deus único” – extraída da doutrina monoteísta do faraó Aquenaton – e a sedutora estória da “terra prometida”. Moisés se tornou faraó daquele povo (chefe com poderes absolutos de origem divina) e o conduziu sem saber ao certo para onde o levava. A prioridade era sair do Egito. Depois, encontrar uma região que ele designaria como a “terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel” supostamente prometida pelo deus semita Javé (Jeová).
Ao saírem do Egito, os israelitas despojaram os egípcios de vestes e de objetos de ouro e prata. O príncipe vagou alguns anos com aquela multidão. Ao perceber o engodo, o povo se revoltou e se determinou a voltar para o Egito. Esse desejo de retornar à pátria mostra a falsidade da versão de que os hebreus eram escravos no Egito. Depois de alguém se libertar dos grilhões, dificilmente desejará voltar a ser escravo. Ademais, naquele período da história não havia escravidão no Egito. Embora hebreu por herança genética (jus sanguinis), aquele povo era egípcio por lugar de nascimento (jus soli). Enquanto estava no Egito, o hebreu-egípcio tinha direitos e deveres tal qual os egípcios de herança genética diferente.
Esse êxodo relatado na Bíblia não foi um movimento heroico de libertação da escravatura e tampouco se deve a uma suposta perseguição do governo egípcio contra os hebreus-egípcios. Trata-se de narração épica e não de episódio real e histórico, embora útil como propaganda e interessante como enredo de filmes. A ilusão de uma escolha divina e de uma terra onde “mana leite e mel” motivou a emigração. Da narrativa bíblica, verifica-se que Moisés e seu grupo mataram milhares dos revoltosos que pretendiam retornar ao Egito. O bezerro de ouro foi simultaneamente desculpa e agente catalisador da tragédia. Aarão diz a Moisés, referindo-se aos hebreus (judeus + israelitas): “Tu mesmo sabes o quanto esse povo é inclinado ao mal”.
Na Idade Contemporânea, os judeus tiraram proveito econômico e político do episódio da segunda guerra mundial apelidado de holocausto (nome de forte apelo emotivo). Há judeu por herança genética, filiado à religião judaica, reconhecido como cidadão israelense embora de nacionalidade brasileira por ter nascido e viver no Brasil. Há cristão convertido ao judaísmo que mantém a nacionalidade brasileira, mas na condição de brasileiro-judeu ingressa na comunidade israelense. Há judeu hereditário, como Einstein, que não professa o judaísmo. 
Os judeus integram o poder econômico mundial no seio de potências como EUA e Inglaterra. Disto se aproveitam para violar os limites traçados pela ONU e pelo direito internacional. Invadem e ocupam território alheio, praticam atrocidades na Palestina e no Líbano. Agora, pretendem apoio do governo do Brasil para mudar a capital do Estado de Israel (Tel Aviv) para Jerusalém em afronta aos direitos dos cristãos e muçulmanos.

Fontes.
Bíblia. Antigo Testamento. Gênesis 16: 1/16 + 21: 2/3, 10/21 + 25: 1/6, 19/27 + 36: 1/8. Êxodo 3:8 + 12: 35/37 + 32: 22/28.
Bíblia. Novo Testamento. Mateus 5: 43/44 + 8: 3,13/16, 24/27, 31/33 + 9: 6, 22, 25/35 + 14: 19 + 15: 36/37 + 16: 8/10. João 21: 5/6.
História da Civilização Ocidental. Edward Mcnall Burns. Rio. Globo. 3ª edição. 1955. Vol. I. Pág. 43/50, 122/123, 140/147.
Um Estudo Critico da História. Hélio Jaguaribe. São Paulo. Paz e Terra. 2001. Vol. I. Pág. 216/228, 234/235.
A Indústria do Holocausto. Norman G. Finkelstein. Rio-São Paulo. Record. 2001.

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