Fascistas, nazistas e comunistas participam ativamente
da democracia brasileira, quer individualmente, quer em grupos e partidos
políticos. O Partido Comunista do Brasil prestou relevante serviço à nação ao
se insurgir contra a arbitrariedade do indecoroso Presidente da Câmara dos
Deputados quanto às regras do processo de impeachment da Presidente da
República (dez/2015).
Comunista é o adepto do comunismo. A palavra deriva de comum = o que pertence a todos indistintamente. Na vida tribal primitiva vigorava o comunismo natural.
Comunista é o adepto do comunismo. A palavra deriva de comum = o que pertence a todos indistintamente. Na vida tribal primitiva vigorava o comunismo natural.
Comunismo é forma de vida humana social
e coletiva em que os bens móveis, imóveis e semoventes pertencem à comunidade;
igual acesso à produção, ao consumo, à educação, à saúde, à cultura; há
creches, refeitórios e dormitórios comunais. As regras de convivência e de
distribuição dos bens e tarefas são estabelecidas sem a mediação do Estado
(autogestão).
Comunidade também deriva do vocábulo comum; significa: (1) qualidade ou
estado do que é comum a diversos indivíduos; (2) grupo de pessoas comunheiras
nos usos, costumes, crenças e regras; (3) instituição em que pessoas participam
na promoção do bem comum solidariamente. Comuna
de Paris = comunidade de trabalhadores que instituíram governo municipal
autônomo de 72 dias na insurreição de 1871, sobre a qual Marx criou o mito que
orientou Lênin. Duas comunidades da
antiga Palestina têm importância histórica para os cristãos: a dos essênios e a
dos apóstolos, enclaves igualitários na sociedade palestina. Hippies e Kibutz
são exemplos modernos.
No plano dos fatos, o comunismo ainda é uma utopia. Há nações socialistas, mas não
comunistas, pois todas dependem da mediação do Estado; algumas, de governo
autocrático, como a China, outras, de governo democrático, como a Suécia. A
URSS começou como ditadura do proletariado (1918) evoluiu para socialismo
desenvolvido (1977) e implodiu em 1989/1991 antes de chegar ao estágio final do
projeto ideológico: a sonhada sociedade comunista de autogestão social e sem
classes.
Estado Comunista é um paradoxo, porque
ideologicamente o comunismo prescinde do Estado. Todo Estado exerce repressão particular sobre a classe oprimida. Isto
porque nenhum Estado é livre e nenhum Estado é um Estado do povo (Lênin).
Sem pluralidade de classes não há Estado. O chamado “Estado Comunista” supõe o
convívio fraternal das classes operária, campesina e intelectual, a extinção da
classe burguesa e o propósito de tornar realidade o socialismo utópico quando,
então, a sociedade comunista passará a existir e a se manter (em futuro distante,
segundo Leonid Brézhnev). Hoje, o “Estado Comunista” é autocrático,
militarista, ideológico, dogmático, com pretensões hegemônicas e igualitárias.
Propõe-se a manter o sistema socialista até o advento da sociedade comunista. O
partido único governa, impõe-se pela força, pelo terror, pela extinção dos
opositores, pela censura e utiliza farta propaganda. O Partido Comunista
considera-se a vanguarda da classe operária, classe esta reconhecida como a
força motriz do desenvolvimento do Estado.
O socialismo
é produto da revolução industrial na Inglaterra e na Alemanha que se
caracterizou, a partir do final do século XVIII, por paulatina substituição da
energia humana pela força motriz das máquinas e pela invenção tecnológica no
setor industrial. Da desigualdade social e econômica resultante dessa revolução
formou-se a classe operária que, ao se organizar, tornou-se revolucionária em potencial. A compaixão e o senso de justiça guiaram o pensamento e a ação
de valorosos homens e mulheres na esfera civil e religiosa sensibilizados com o
infortúnio dos proletários (trabalhadores adultos, jovens e crianças). Leis de
caráter humanitário começaram a ser promulgadas em sintonia com a doutrina
social publicada em jornais, livros e encíclicas (cartas circulares expedidas
pelo Papa a fim de orientar o pensamento e a conduta dos fiéis, dos clérigos, dos capitalistas e das
autoridades seculares). A igualdade formal do liberalismo evolui para a
igualdade material do socialismo. O legislador estipula as cláusulas do
contrato de trabalho (salário, jornada, repouso, férias). O Estado assume o
dever de prestar assistência social e de organizar a previdência social.
A Rússia foi o primeiro Estado a adotar o socialismo
como regime político e ideológico. A Corte do Czar estava mergulhada na corrupção
e na superstição. A participação na primeira guerra mundial deixara a Rússia em
lastimável situação social e econômica. Havia insuficiência geral de alimentos,
calçados, agasalhos, medicamentos, armamentos. Temporariamente, a estrada de
ferro ficou sem tráfego. A produção de carvão diminuiu. A inflação agravou-se.
Os preços das mercadorias subiram. Camponeses deslocavam-se para as cidades.
O governo monárquico sucumbiu ante a ação
revolucionária (1917). Entra em cena o socialismo com as facções menchevique
(moderada) e bolchevique (radical). O governo provisório de maioria menchevique
enunciou as liberdades civis, convocou assembléia constituinte, libertou
milhares de prisioneiros e permitiu o regresso dos exilados. Milyukov, Primeiro-Ministro,
renunciou porque insistia em manter a Rússia na guerra e o povo queria a paz. Alexandre
Kerensky, revolucionário menchevique, assume o governo e celebra a paz com a
Alemanha (1917). Apesar disto, sua política desagrada ao povo. Com apoio da
massa popular, os bolchevistas, cujo lema era “paz, terra e pão”, organizam
força armada (Exército Vermelho), tomam o governo, dissolvem o Parlamento,
instauram a ditadura do proletariado,
nacionalizam a terra e os bancos, reservam para os camponeses o uso exclusivo
da terra, passam a propriedade das fábricas para o Estado e o respectivo controle
para os operários. A política de Lênin permitiu a exploração em caráter privado
da pequena indústria e do pequeno comércio e a venda do trigo pelo camponês no
livre mercado. Após a morte de Lênin, o governo passou a elaborar planos
qüinqüenais. A URSS tornou-se a maior potência militar e econômica da Europa
(1965/1975).
Os revolucionários russos organizam a República Socialista Federativa Soviética
(Constituição de 1918). Os Sovietes de Operários e Camponeses situavam-se na
base. O Conselho dos Comissários do Povo situava-se na cúpula. Da expansão do
bolchevismo por outras nações (Armênia, Azerbaijão, Geórgia, Ucrânia) resultou o
complexo estatal denominado União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) disciplinado pela Constituição de 1923.
Cada república tinha seus próprios sovietes e conselhos de comissários. A Constituição
seguinte traz extensa declaração de direitos e deveres (1936). Os cidadãos
maiores de 18 anos adquiriram direito ao sufrágio universal: mediante voto
secreto, escolhiam os membros dos sovietes locais e do Parlamento Nacional. O Conselho
Supremo da URSS era a cúpula do sistema. Formou-se um núcleo privilegiado de
membros do partido, cerne do poder estatal, denominado Nomenclatura com altos salários e nível de vida superior ao
popular.
O estágio da ditadura do proletariado chega ao fim com
a Constituição de 1977 que organiza o Estado
Socialista de Todo o Povo e garante o próximo estágio: “O objetivo supremo
do Estado Soviético é edificar a sociedade comunista sem classes na qual se
desenvolverá a autogestão social comunista”.
Lênin considerava a ditadura do proletariado um regime
aristocrático: o partido único era a elite a governar o povo. Ele afirmava ser
possível saltar do sistema feudal (então vigente na Rússia) ao sistema socialista
sem passar pelo capitalismo. Marx, ao contrário, entendia possível a democracia
no sistema socialista e a passagem pacífica do capitalismo ao socialismo: Há certos países, como a Inglaterra e os
Estados Unidos, nos quais os operários podem esperar alcançar seus fins
empregando meios pacíficos (discurso de Amsterdã, 1872).
O governo soviético tolerava a religião, mas reduziu o
número de igrejas e proibiu as suas atividades educacional e caritativa. Reduziu
o analfabetismo e o poder da Igreja visando a livrar o povo da superstição e
facilitar às pessoas comuns o acesso à educação e à cultura. Só ateus podiam
ser membros do partido único. A ética cristã é substituída por uma ética
positiva estribada no bem coletivo, no interesse público, no respeito ao
patrimônio público, no dever social, no devotamento ao trabalho, no sacrifício
pessoal, na lealdade à pátria e ao ideal socialista [lealdade que devia ser demonstrada inclusive por delação
incentivada e premiada].
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