domingo, 22 de outubro de 2023

FUTEBOL

Nos jogos eliminatórios das seleções masculinas de futebol da América do  Sul, visando a classificação para a copa mundial de 2026, a brasileira venceu de modo folgado a da Bolívia e de modo apertado a do Peru, empatou com a da Venezuela e perdeu para a do Uruguai. Este sucessivo decréscimo nos resultados não significa decréscimo da capacidade dos jogadores e treinador e sim aumento da força adversária. Isto indica diminuta probabilidade de vitória nos próximos jogos contra as seleções da Colômbia e da Argentina (16-21/11/2023). 
A robotização do futebol iniciada com a seleção holandesa de 1974, aprimorou o jogo coletivo, mas, diminuiu o espaço do improviso e da criatividade pessoal. Hoje, nota-se em todos os continentes: (i) a prática do futebol europeu padronizado (ii) o individual trato artístico da bola por jogadores brasileiros imitado por estrangeiros. A importância do treinador ultrapassou a do jogador. Interiorizada na mente, a robotização faz a equipe se apresentar da mesma forma quando vence, empata ou perde. Os jogadores obedecem ao planejamento tático do treinador. Assim, firma-se a disciplina coletiva. 
A mercantilização influi no futebol de maneira mais incisiva nos países subdesenvolvidos. O fator moeda supera o fator chuteira. A prioridade passou a ser o dinheiro para os cofres das entidades esportivas e para os cofres particulares dos dirigentes, treinadores, jogadores e corretores. A mercantilização influi na escolha dos atletas para a seleção nacional. O patrimônio material obscurece o patrimônio moral e conforma o setor social. A função de competir fica em posição subalterna no cenário esportivo. 
Destarte, a história do futebol pode ser dividida em dois períodos: antes e depois da robotização e da mercantilização, tomando-se como divisor o ano 1970. 
1. Período romântico: 1930 a 1970. Prevalecem o amor à camisa e o amor  à arte de jogar futebol. O brasileiro Arthur Friedenreich, genial jogador da primeira metade do século XX, contestou a profissionalização. Ele temia os efeitos negativos disto no esporte. No período romântico, as seleções brasileiras foram: (a) três vezes campeãs mundiais ao vencerem as copas de 1958 na Suécia, a de 1962 no Chile e a de 1970 no México (b) duas vezes vice-campeãs mundiais ao disputarem as partidas finais nas copas de 1950 no Brasil e de 1966 na Inglaterra. Desse período, entre os brasileiros que encantaram o mundo esportivo podem ser citados, em ordem cronológica: Friedenreich, Leônidas, Zizinho, Didi, Garrincha, Pelé. Ainda podem ser destacados, entre outros, em ordem alfabética: Ademir Menezes, Amarildo, Carlos Alberto, Djalma Santos, Domingos da Guia, Fausto, Gérson, Heleno, Jair, Jairzinho, Nílton Santos, Rivelino, Tostão, Vavá, Zagalo. 
2. Período robótico/mercantil: 1974 a 2022. Nesse período, a tecnologia e o mercantilismo envolvem o profissionalizado esporte. Os atletas passaram a jogar mais pela harmonia do conjunto em campo e pelo dinheiro. As seleções brasileiras foram: (a) duas vezes campeãs mundiais ao vencerem as copas de 1994 nos Estados Unidos da América e a de 2002 na Ásia amarela (b) duas vezes vice-campeãs ao disputarem as partidas finais nas copas de 1998 na França e de 2014 no Brasil. Desse período, entre os brasileiros que encantaram o mundo esportivo podem ser citados, em ordem cronológica: Zico, Romário, Ronaldo Nazário e Ronaldinho Gaúcho. Ainda podem ser destacados, entre outros, em ordem alfabética: Ademir da Guia, Adriano, Alex, Cafu, Djalminha, Falcão, Geovani, Hulk, Juninho Pernambucano, Júnior, KK, Leandro, Lucas Moura, Luís Pereira, Marcelo, Pato, Rivaldo, Roberto Carlos, Sócrates, Thiago Silva, Zé Roberto, Zinho. 
Nenhum país tem a quantidade de excelentes jogadores como o Brasil. Por isto, fica difícil selecioná-los. Nas listas acima, por exemplo, cabem centenas, tais como: (1) goleiros: Ado, Barbosa, Castilho, Dida, Gilmar, Leão, Marcos, Poy, Rogério Ceni, Taffarel, Velloso (2) defensores e armadores: Branco, Clodoaldo, Juan, Lúcio, Marcos Assunção, Mauro Silva, Pinheiro (3) atacantes: Bebeto, Careca, Coutinho, Dener, Dirceu Lopes, Edmundo, Miller, Nelinho, Neto, Palhinha, Reinaldo, Roberto Dinamite, Zito.
Atualmente, há bons goleiros, defensores, armadores e atacantes, alguns deles convocados para a seleção brasileira. Há jogadores e treinadores bons em seus clubes, porém, sofríveis na seleção nacional. O treinador italiano cogitado pela imprensa brasileira nunca treinou seleção alguma. Portanto, não há certeza de que ele terá êxito na empreitada, caso aceite dirigir a seleção brasileira. Até o momento, sempre que provocado, Ancelotti nega entendimento com a Confederação Brasileira de Futebol e afirma sua intenção de permanecer à frente do Real Madrid.

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