Que olhos tristonhos. Onde ficou o
brilho jovial? Quando as brumas da angústia te envolveram?
Que olhos profundos. Onde ficou a
ingenuidade do olhar? Quando a serpente se moveu na tua espinha?
Que rosto marcado. Onde ficou a lisa pele
morena? Quando as linhas começaram a ser traçadas?
Que feição humilde. Onde ficou o
semblante altaneiro? Quando abandonaste o orgulho?
Que porte encurvado. Onde ficou a ereta postura?
Quando iniciaste o novo ciclo da espiral do tempo?
Que passos vagarosos. Onde ficou o ágil
caminhar? Quando cessou a pressa de chegar?
Que dias conturbados. Onde ficou o lar
da infância? Quando mudaste o abrigo da tua inocência?
Que ausência sentida. Onde ficou a
menina dos devaneios do menino? Onde ficou a musa do moço poeta? Quando a
tristeza na alma se aninhou?
Que lugar sombrio. Onde ficou o espaço
luminoso? Quando a música romântica se interrompeu?
Que lugar diferente. Onde ficou a
paisagem que tu pintaste? Quando o desencanto zombou do colorido pincel?
Que sibilina relação. Onde ficou o amor
que tu escondias? Em que espelho tu o contemplavas?
Que insípida existência. Onde ficou a
essência do teu perfume? Em que inodora câmara tu a prendeste?
Que distante amizade. Onde ficou o
grande amigo? Em que trecho do caminho tu o perdeste?
Que lento pensar. Onde ficou o lépido
raciocínio? Em que oceano de ilusões tu o mergulhaste?
Que lição esquecida. Onde ficou a
professora do garoto sonhador?
Que fria realidade. Onde ficou o sonho?
Que gelado coração. Onde ficou a
ternura?
Que noite escura. Onde ficou o luar que
iluminava a serenata?
2 comentários:
Onde ficou? Talvez no coração de alguém. Muito triste. Deu vontade de chorar.
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