terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

PINGOS & RESPINGOS

Dinheiro e sexo.
No Brasil atual, perderam prestígio: honestidade, lealdade, dignidade, piedade, cultura, bem-comum e felicidade geral. Restaram prestigiados: dinheiro, utilidade, falsidade, brutalidade, liberdade sexual e felicidade individual.
O dinheiro desempenha papel substantivo na sociedade. Deus dos fraudadores, larápios e plutocratas, o dinheiro não tem ideologia, moral e religião, porém, resolve quase tudo. Aquele que dispõe de dinheiro para tudo comprar detém o real poder na sociedade moderna. Compra posições, votos e consciências. Manipula a autoridade pública. Nos prazeres da mesa e da cama tem por companhia e ao seu dispor pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto. Adquire e consome drogas ilícitas sem ser molestado.
O poder do estado (parlamentares, chefes de governo, juízes, procuradores, burocracia, aparelho policial, forças armadas) submete-se ao poder econômico (financeiro, industrial, mercantil). As maiores empresas privadas de comunicação social (jornal, revista, rádio, televisão) cujos donos integram o poder econômico, atuam para prestigiar, desmoralizar e manipular; deturpam a informação, quando não a sonegam; participam de golpes de estado; incentivam a licenciosidade e o consumo de coisas supérfluas.

Distribuição de renda e desigualdade social.
O quinhão maior da riqueza mundial está nas mãos de 8 (oito) pessoas. O quinhão menor distribui-se por 7 (sete) bilhões e 300 milhões de pessoas. Desse quinhão menor, a maior parcela está nas mãos dos ricos e dos remediados e a menor parcela dilui-se entre bilhões de pobres e miseráveis (Davos/Suíça/2017).
No Brasil, a desigualdade social se agrava na proporção que aumenta a concentração da renda nas mãos de poucas famílias: 46 bilionários + 10.300 multimilionários. O saldo da renda nacional está distribuído por 200 milhões de habitantes. Desse saldo, a parcela maior está nas mãos dos milionários + remediados (50 milhões?) e a parcela menor diluída entre os pobres + miseráveis (150 milhões?).

Movimento pendular.
Ideias e ações em espiral no curso da história. Período progressista sucede o conservador. Volta acima, retorna o conservador; depois, o progressista. Nacionalismo ontem, cosmopolitismo hoje. Capitalismo ontem, socialismo hoje. Direita ontem, esquerda hoje. Ora predomina um modelo, ora outro. Há convergências, posições moderadas e conciliadoras que amenizam as estremaduras.
O retorno cíclico dos modelos ocorre paralelamente ao avanço da técnica e da ciência. Mudam as roupagens, variam os costumes, multiplicam-se as comodidades, mas a essência humana permanece a mesma na sua bipolaridade: angelical e demoníaca.
Ritmo acelerado das mudanças desnorteia a geração anterior. “No socialismo me prometeram que tem um lugar ao sol para todo mundo. Agora, falam outra coisa: é necessário viver pelas leis de Darwin, aí é que teremos prosperidade. Prosperidade para os fortes. Mas eu sou um dos fracos. Não sou um lutador” {russo entrevistado pela jornalista e escritora Svetlana Aleksiévitch, após a perestroika. “O Fim do Homem Soviético”. Tradução de Lucas Simone. São Paulo. Cia. das Letras, 2016, p. 379}.

Nenhum comentário: