domingo, 22 de fevereiro de 2009

FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA
Antonio Sebastião de Lima

A História só se repete como farsa? Há épocas em que a elite de cada povo busca imitar o passado. Amoldam pensamentos e práticas ao seu tempo e ao seu interesse. Assim aconteceu com as crenças e doutrinas religiosas. A civilização egípcia, considerada a mais antiga do mundo (sem contar as lendárias Atlântida e Lemúria), passou para a Mesopotâmia, Palestina, Grécia e Roma, ainda que modificada e adaptada. Entre os elementos dessa civilização incluem-se a imortalidade da alma, o politeísmo, o monoteísmo, o messianismo, a regência do universo por uma inteligência, o movimento cíclico dos fenômenos naturais e sociais, a lei de causa e efeito, o governo de base divina (teocracia) e o governo de base popular (democracia). Desconhecido faraó da XI Dinastia (2100 a.C.) citava os deveres dos governantes: agir como pai dos órfãos, marido das viúvas e irmão dos abandonados; prevenir o roubo e proteger o miserável; punir os que merecem; julgar imparcialmente e não afirmar falsidades; promover um estado de harmonia e prosperidade tal que ninguém possa sofrer sede, fome ou frio.

A semelhança atual com fatos antigos, brotada do comportamento regular dos povos segundo as vicissitudes de cada época, não pode ser vista como farsa, necessariamente. A produção intelectual e material pode ser abundante e rápida, como aconteceu no século XX, nas artes, nas ciências e na técnica, implicando mudanças nas convenções sociais, nos modismos e nos costumes. Há cientistas que apresentam trabalhos falsos; profetas e sacerdotes enganadores; historiadores capciosos na apresentação e interpretação dos fatos.

O bispo católico Richard Williamson, excomungado porque negara a extensão do holocausto, foi reabilitado pelo Papa, recentemente. Além de negar o número de judeus mortos apontado por alguns historiadores, o bispo inclui pessoas de outras religiões, negros e brancos, no morticínio promovido pelos nazistas. O bispo disse que aguarda evidências que contrariem as provas sobre as quais assentou o seu julgamento. Só, então, pedirá desculpas, se for o caso. Outros pesquisadores também denunciaram o exagero que gera lucro aos judeus, como o professor Norman G. Finkelstein no livro “A Indústria do Holocausto” (Rio/São Paulo, Editora Record, 2001). Na internet há textos sobre tal assunto.

Tão logo a verdade vem à tona, os sionistas tratam de desacreditá-la mediante filmes, noticiários e programas de televisão, entrevistas e artigos em jornais e revistas, tudo em defesa da versão que lhes interessa. Pleiteiam censura nos meios de comunicação a todo material que divulgue: (i) a exata dimensão do holocausto (ii) os lances históricos que colocam à mostra a crueldade desse povo e do seu deus (iii) as deficiências morais dos seus líderes. O poder econômico do grupo sionista coloca-se por inteiro nessa reação. Divulgam amplamente todo material contrário aos palestinos, ainda que mentiroso. Manipulam a linguagem empregada nas emissoras de rádio e televisão, nos jornais e revistas, de modo que o vocábulo terrorista seja sempre aplicado aos árabes em geral e aos palestinos em particular. No número de vítimas englobam palestinos e judeus, a fim de ocultar a enorme diferença e o massacre que isto significa (1.212 mortos = 1.200 palestinos + 12 judeus).

O fim do mandato de Bush arrefeceu a fúria israelita. Os palestinos não são anjos, mas nem por isso merecem o genocídio. Esse episódio no Oriente Médio mostra uma vez mais que nessas lutas ninguém é santo ou inocente. No curso da História os seres humanos têm exibido a sua face angelical nas artes, ciências, filosofia, transmissão do conhecimento, e a sua face demoníaca nas disputas pelos bens terrenos, pelo domínio político e pela hegemonia religiosa.

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